top of page
Artigos

Por que quem comprou ações da Taurus nos últimos dias perdeu dinheiro?

Allison Henrique Nunes de Paula

WhatsApp Image 2018-09-20 at 14.17.42.jp

Recentemente, durante o período eleitoral, a Bolsa de Valores Brasileira (Bovespa) teve uma grande valorização, saltando de 79.274,51 pontos, em setembro de 2018, para 96.009 pontos no dia de hoje (21/01/2019). Apesar desse aumento nos pontos Bovespa[1], o fato mais impactante neste período foi a valorização das ações de uma determinada empresa do ramo bélico da indústria nacional: a Forja Taurus.

No ano passado (2018), os brasileiros elegeram um novo Presidente da República, Jair Messias Bolsonaro, que venceu as eleições com 55,13% dos votos válidos. O Presidente, que anteriormente era Deputado Federal e que já estava na carreira política há 27 anos, defendeu abertamente que flexibilizaria a posse de arma de fogo, o que de fato aconteceu na última terça-feira (15/01/2019).

A partir da provável vitória de Bolsonaro nas eleições, investidores da Bolsa de Valores brasileira iniciaram uma forte especulação em torno das ações da companhia bélica Forja Taurus, o que levou a imensos lucros por alguns investidores e a expressivas perdas para outros.

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

Como é possível verificar no gráfico acima, as ações da Forja Taurus subiram absurdos, “coincidentemente” no período eleitoral, desde o momento em que a população passou a acreditar na vitória do então candidato a presidente Bolsonaro. As altas chegaram a 180%, aproximadamente. Porém, no último dia 15, com a assinatura do decreto que flexibiliza a posse de arma de fogo, as ações tinham forte queda na Bolsa, pois as especulações em relação ao benefício da nova legislação e o impacto na empresa demonstraram aos investidores que nada iria mudar.

E por que nada iria mudar? Há um jargão na língua dos acionistas de que as ações sobem no boato e caem no fato, algo que foi demonstrado nesse episódio envolvendo a Forja Taurus. Como se vê nos dados abaixo, os números da empresa não são bons, demonstrando que a capacidade de pagamento de suas dívidas no curto prazo é baixa (liquidez corrente), sua dívida bruta de 848.438.000 é maior que sua receita nos últimos 12 meses, algo que demonstra o endividamento da empresa.

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

Sendo assim, conclui-se que quem analisa os fundamentos da empresa dificilmente investiria na Forja Taurus. Entretanto, como a maioria dos investidores da Bolsa brasileira acaba seguindo as tendências, as perdas para alguns podem ser enormes.

Constata-se que, como obrigação da empresa, a Forja Taurus emitiu um comunicado aos acionistas, durante o período especulatório, aferindo que nenhum fato relevante teria acontecido para a enorme liquidez dos ativos na Bolsa e a forte valorização das ações preferenciais e as ordinárias FJTA4 e FJTA3.

Por fim, diversos acionistas que detinham várias ações da empresa, cônscios de que o fluxo de capital existente no período era apenas uma especulação, venderam seus ativos, a exemplo de Marcos Bodin de Saint’Ange Comnène, uma atitude compreensível, dado o atual cenário de especulação intensa em que se encontram as ações, tanto preferenciais quanto ordinárias, da companhia.

 

Allison Henrique Nunes de Paula.

Diretor Financeiro Adjunto do FOMELE e investidor do mercado financeiro.

[1] Índice que é o principal indicador do desempenho médio das cotações das ações negociadas na Bolsa de Valores de São Paulo

Allison fig 1.jpg
bottom of page